Pular para o conteúdo principal

Postagens

DAS INTERAÇÕES COM O DESCONHECIDO Não chores ainda não o caminho de volta para casa, criatura. Adia então o intento de logar-te de novo a serviço da tua inicial indumentária, meio esquecida no fundo de ti, da qual o mundo te levou, pelo que sem dúvida ganhas pelas vias de fato que ele exige, para que lutes de bom lutar contra dentes e moinhos, mais do que contra fantasmas; e assim, hora não é de voltar à realidade dos assombros primeiros que sobre ti se moveram, àquelas areias sobre as quais o teu rio ainda deixa peixes. Foto e poema: Darlan M Cunha Obs.: Poema a partir de take the long way home – de Roger Hodgson.
NOVEMBRO O mês abriu suas portas e janelas, com pé cuidadoso, mãos sutis e olhar inquiridor, novembro avisou que veio para ficar, se possível, mais de trinta dias, pois quer ser lembrado lá na frente, quando seu pó já estiver bem assente, sedimentadas todas as camadas de que for capaz. Ecos de si mesmo é o que todo mês quer que haja no decorrer da minha e da tua vida, Foto e poema: Darlan M Cunha
CASO PROCURE VIDROS PARTIDOS Não atravesse o rio para vir a este lugar, se sem outra causa que não a de inteirar-se do caráter dessa casa onde a faca vive em atrito com a pedra, até porque os peixes a ela não se negam.  Eis a criatura sem nome de fama, presa  ao silêncio ainda crescendo na casa na qual se está em paz, pés limpos, ela pede que ninguém atravesse o rio em busca de vidros ou beijos partidos, porque ela vive entre algo bem mais ancho do que um e outro suspiro de futura, certeira amargura. Poema e foto : Darlan M Cunha
ESQUIZÓIDES É natural que queira estar contigo e talvez comigo aquela que sempre chega de leve, como quem penetra  numa catedral ou na selva tropical, abrindo já sobre a nossa juventude  seus timbres com as cores e ângulos de um indescritível idioma, atando vítimas ao seu ventre aquoso e escuro como aquele meio do qual viemos todos (há um parceiro na parede); É natural que pragas de ontem aflijam a pauta de hoje, sujem de inequívoco modo os chinelos do hoje e os nervos do amanhã ? O que é natural é ficar de tremores e suor, pelo que o diabo da esquizofrenia dá: antenas sem fio, e mais avarias do que podem sonhar a lucidez e sua enteada, a ilusão. Para Irène Philippin, diagnosticada de esquizofrenia, a respeito de quem assisti no canal TV5MONDE um documentário. FOTO E POEMA : Darlan M Cunha
A PELE DO FUTURO Alguém desce a ladeira, consciente disso, vai e cruza consigo mesmo quando ainda era são,   quando não era estorvo, ou seja, antes de estar na vida branca dos muros entre os quais vêm de leve à mente todos os ontens anteontens e trasanteontes. Eis na borra da manhã o braço do estetoscópio e o sorriso brando, algo de velada despedida há na canseira onde alguém parou para escutar algo do futuro, enfim, porque o futuro também desce ladeiras.     Poema: Darlan M Cunha Foto: bg_noon2