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CASO PROCURE VIDROS PARTIDOS Não atravesse o rio para vir a este lugar, se sem outra causa que não a de inteirar-se do caráter dessa casa onde a faca vive em atrito com a pedra, até porque os peixes a ela não se negam.  Eis a criatura sem nome de fama, presa  ao silêncio ainda crescendo na casa na qual se está em paz, pés limpos, ela pede que ninguém atravesse o rio em busca de vidros ou beijos partidos, porque ela vive entre algo bem mais ancho do que um e outro suspiro de futura, certeira amargura. Poema e foto : Darlan M Cunha
ESQUIZÓIDES É natural que queira estar contigo e talvez comigo aquela que sempre chega de leve, como quem penetra  numa catedral ou na selva tropical, abrindo já sobre a nossa juventude  seus timbres com as cores e ângulos de um indescritível idioma, atando vítimas ao seu ventre aquoso e escuro como aquele meio do qual viemos todos (há um parceiro na parede); É natural que pragas de ontem aflijam a pauta de hoje, sujem de inequívoco modo os chinelos do hoje e os nervos do amanhã ? O que é natural é ficar de tremores e suor, pelo que o diabo da esquizofrenia dá: antenas sem fio, e mais avarias do que podem sonhar a lucidez e sua enteada, a ilusão. Para Irène Philippin, diagnosticada de esquizofrenia, a respeito de quem assisti no canal TV5MONDE um documentário. FOTO E POEMA : Darlan M Cunha
A PELE DO FUTURO Alguém desce a ladeira, consciente disso, vai e cruza consigo mesmo quando ainda era são,   quando não era estorvo, ou seja, antes de estar na vida branca dos muros entre os quais vêm de leve à mente todos os ontens anteontens e trasanteontes. Eis na borra da manhã o braço do estetoscópio e o sorriso brando, algo de velada despedida há na canseira onde alguém parou para escutar algo do futuro, enfim, porque o futuro também desce ladeiras.     Poema: Darlan M Cunha Foto: bg_noon2
Na alegria e na tristeza - meus pais Maria José e Elviro Ferreira Cunha (Elviro: *1922 - +2012) Setembro tem as suas próprias flores que durarão trinta dias, mas o perfume delas pode durar mais – como o calor de certos seres sobre nós. Foto e texto: Darlan M Cunha
  jabuticabeira sabará ( Myrciaria jaboticaba (Vell.) Berg) Sabará, MG, Brasil Tão comum quanto pipas no céu são as esquivas dos devedores e as mil acrobacias dos vendedores; mas, se anciãos ainda há que jogam bochas e damas, é porque isso é o que lhes resta, ou o que lhes cabe nessa vida de morte severina de tempos modernos feitos só para até os de trinta anos. Ora, quando as formigas esfregam as patinhas na cabeça, é sinal de alguma preocupação, é alguma tática de aviso ou de sinalização pré combate, ou é mera formalidade para cumprimentar uma formiga do mesmo nível social ? Voltemos às jabuticabas, pois entreter-se com tais negrinhas é de bom tom. Foto e texto: Darlan M Cunha