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Robson Barros   -  Passeando de balão                      É imenso o horizonte que acolhe o que não dá para levar a cabo: as tantas instâncias que se nos apresentam e que, por um ou mais motivos, não é possível tê-las entre os dedos, e isso é ruim, porque se somente o imaginário nos acomete sem trégua, ficamos incompletos.      Minha vizinha da casa logo à esquerda da minha era doida para passear de balão, pelo que ela então mexeu os pauzinhos, e se fez ao largo do solo: subiu, riu das figurinhas atarantadas lá embaixo, gargalhando, beijou o piloto, bebeu vinho tinto, enfim, transtornou em pura realidade um de seus fantasmas, uma de suas inquietações, o desejo inescrutável de ir pelos ares - algo naturalmente geral. Texto: Darlan M Cunha Arte naïf: Robson Barros
Vitória Basaia O rosto O duelo no tribunal deve algo ao sim e ao não e se uma terceira via acende o pavio   alertando os dispostos a quebrar a lei , outro fervor levanta-se e invoca ditames de deus, mas ninguém crê no pai, e o juiz, farto de se haver com caricatos acha enfim lugar para deus nas grades com o que um rosto deixa de pairar sobre a multidão.     poema: Darlan M Cunha   arte: Vitória Basaia
S. L. Lowry (1887-1976, Inglaterra) aprendiz e mestre unidos e separados por uma fonte de dúvidas haikai // haiku: Darlan M Cunha *
                                                                          Alice Shintani - quimera 2007 Quando o primeiro homem sem cabeça apareceu, não houve quem pudesse crer em mais nada, e durante muito tempo as coisas ficaram tão confusas na aldeia, que nem mesmo as crianças - em geral sábias - souberam como utilizar o tempo e o espaço, ou otimizá-los, ou compartilhá-los, segundo a linguagem do momento . Ora, homem sem cabeça é algo tão antigo quanto a água, de tal sorte que muito antes da invenção de deus e do diabo, pelos espertos das torás e suratas da vida, e afins, o famigerado homem sem cabeça já vagava sem maiores percalços pela amplidão do mundo - falésias, furnas, mesetas, istmos, ilhas e pauís ou pântanos. Sim, ele já se estrepava nos cactos, trocava rumos e urros com a caça e a pesca, até que chegou o tempo a partir do qual, premido por instâncias que nem a neurologia, a genética, a antropologia, a sociologia, a arqueologia e muito menos a psicanálise
  Tikashi Fukushima - Montanha, 1992 Montanha Pegar de leve nas mãos da montanha, coçar-lhe a nuca e os pés, até que as queixas mais breves desapareçam  em meio ao que as nuvens (sempre imprevisíveis) despejem ou não sobre ela e sobre os que abaixo dela choram por não terem colhido os frutos da estação. Poema: Darlan M Cunha