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Mostrando postagens com o rótulo crônica
xxx-bumper-cars-1 (Chernobyl, UCRÂNIA)      São demais os perigos, diz uma canção. Nas esquinas, fios soltos, palavras presas a alguma chantagem, a algum ressarcimento, os ovos futuristas já cheios de angústia, e por isso mesmo estão gorados, já vencidos em seu tempo de encantamento, antes mesmo de serem postos à prova. O mundo corre, língua nos calcanhares do Outro, o mundo é filho da pressa que se tornou ícone, sim, a pressa é o ícone, batendo o ícone maior - o diabo. Talvez ambos venham de uma só estirpe, mas duvido, pois o demo é criterioso, e entende de humanos como só ele pode. O diabo é boa gente, o átomo está aí em toda parte, e também o glúten - essa proteína do trigo, a qual se tornou o novo vilão social. Texto: Darlan M Cunha
Portinari (1903-62). Chorinho      Parece-me que uma palavra moderna que pode se encaixar no chorinho é a palavra linque, ligação. Este ritmo, brasileiro por excelência, que exige algo mais do músico e do ouvinte, apareceu lá pela segunda metade do século 19, como quem não queria nada, e se tornou uma prática entendida por todos. Sei tocar, por exemplo, bossa nova e, bom mineiro, os diamantes do Clube da Esquina, mas no choro eu me embaraço. Mas sei ouvir. Viva o choro. Texto: Darlan M Cunha
Meu romance Umma... viajando          Antes de seres, já tinhas a predisposição. Morrer é quase nada, mas, aborrece, é acinte imperdoável, segundo uns e muitos e todos. Vamos às contas do ano. Tudo quente, todos los juegos el juego, parodiando um título de livro. Tudo é nebuloso - a rede e a gente que se vê pelas ruas, ou seja, não se deve confiar num e nem noutro, porque um é o outro na pobreza de visão, sopa rala. Ontem foi amanhã, não é saudável que te esqueças das cores primárias, das dores sectárias. Permite-se a entrada, em troca de certos usufrutos. Assim tropeçam os parvos, desde antes da Rota do Incenso e da Rota da Seda. Essa grama queimada não há de significar sempre que foi Gêngis-Cão quem passou por ali e por ali. Há imitadores baratos. Tenta dizer de ti que és o mesmo de ontem; mas, diferente. Isto significa restaurar-te diariamente, consciente disso, ou já eras. Nem mais. Foto e texto: Darlan M Cunha
 ¨¨ Dezembro aí está, sua sina única será a de andar durante 31 dias, sem parar, até que se torne passado, linha de trem desativada, de certa forma, porque o passado fica, de um jeito ou de outro, ele não nos abandona - por mais hábil que seja a nossa tática em deixá-lo no meio dos tempos, nu, choroso, só neblina. Dezembro aí está, crescendo feito uma bolha, ciente de que no dia trinta e um levantar-se-á pela última vez, olhando em torno, desconfiado, mais alegre do que triste, alegre pelo que deixará à gente que com ele caminhou, realista, pelas pessoas que em seu bojo caír e m para nunca mais. Dezembro está aí. * Foto e texto: Darlan M Cunha
Rua Pedro Laborne Tavares - Buritis, BELO HORIZONTE Colégio Batista Mineiro - Buritis - Unidade 1 Sejam cuidadosos, uma montanha pode f a cilmente vencê-los, e a arte pode enganá-los, como um camaleão sempre sob a fúria do aprimoramento. Avesso às crenças do cotidiano, mascando riso suave, mas, maléfico que só ele, o avô dava dicas de como ir ao inferno, e de lá voltar, ciente de tudo em relação ao inferno das vinhas sociais, de para lá querer voltar e definitivamente ficar.  Caminho por uma rua com arte mural, paro, peço explicações para tal atitude, ninguém sabe onde o diabo reside, em quanto incide tornar afável a superfície crespa de um muro, mais ainda, o interior encrespado do Homem. Foto e texto: Darlan M Cunha
Robson Barros   -  Passeando de balão                      É imenso o horizonte que acolhe o que não dá para levar a cabo: as tantas instâncias que se nos apresentam e que, por um ou mais motivos, não é possível tê-las entre os dedos, e isso é ruim, porque se somente o imaginário nos acomete sem trégua, ficamos incompletos.      Minha vizinha da casa logo à esquerda da minha era doida para passear de balão, pelo que ela então mexeu os pauzinhos, e se fez ao largo do solo: subiu, riu das figurinhas atarantadas lá embaixo, gargalhando, beijou o piloto, bebeu vinho tinto, enfim, transtornou em pura realidade um de seus fantasmas, uma de suas inquietações, o desejo inescrutável de ir pelos ares - algo naturalmente geral. Texto: Darlan M Cunha Arte naïf: Robson Barros
Lygia Pape - Teia                Observar certos trabalhos artísticos, e também trabalhos rudes como os do mar e os da agricultura pode nos levar a sensações algo adormecidas, lembranças de que tens algum conhecimento acerca disso e daquilo, e assim, com certeza, ainda que de leve, de maneira quase imperceptível a palpitação aumenta, o riso pode dar as caras.      Esse trabalho aí acima me leva para a Rota da Seda, um primor do conhecimento, algo de vital importância para a História, porque você pode imaginar os diversos climas, diversos idiomas e dialetos, milhões de escambos, caravanas com centenas de camelos, a neve e a natural inclemência dos desertos, cidades como Antióquia, Cabul, Damasco, Cio, Tashkent, Petra e tantas outras; atravessando países como China, Pérsia, Índia, enfim, como se fosse uma cobra gigantesca arrastando-se por grande parte do mundo, passando pelo Mar Negro e o Mar de Marmara, passando pelos Balcãs até chegar, por exemplo, à feia Veneza. F