imagem: IMOTION
para: Fernanda Jimenez
SANCHO
& QUIXOTE: DOIS PERDIDOS NUM RITMO ÚNICO
Batendo
a cabeça contra ventos de cuja rudeza nem desconfiavam, ambos
foram abrindo caminho entre escarpas e águas, nódoas
e
vícios algo diferentes daqueles que separaram esparta e atenas
uma da outra; pelo que, procurando bálsamo com o qual conter
o desespero de quem se sabe corte sem sutura, solilóquios
o desespero de quem se sabe corte sem sutura, solilóquios
à
parte, cometeram ermos, até toparem com o cerne do crime
pretendido:
curvas e retas da Mancha, ângulos do mundo
nos
cascos da mula e do cavalo Rocinante,
lá pras bandas do reino de Micomicão
lá pras bandas do reino de Micomicão
então, ensejando
lâminas sobre lâminas, os quatro, antes que engolissem
em
seco a patranha geral, ou a palo seco a memória
futura,
limparam-se do humano
demasiado
humano entulho, e se foram; e assim
diante
do jeito gozoso da fábula que se esparramaria geral, cuidada
com
esmero de nova soberania, perceberam que todos parecem se esquecer
que
um desagravo deixa certas pessoas prevenirem-se,
prontas
para
o retorno ou réplica, porque o sangue, por ser inquieto sujeito
sem rimas, exige encharcar algum areal.
sem rimas, exige encharcar algum areal.
Ora, tenha-se
dinheiro em penca, ou que se seja bacalhau de porta
de venda, o
fato é que demorar-se numa esquina atrai ímãs
doentes,
e por isso entraram de cabeça na Dúvida, para além do bem
e
do mal que, muito antes deles, atenas e esparta
não
souberam que existia – um saber
que
só se abriu nas alpercatas
de
Sancho y Quijote.
Poema: Darlan M Cunha
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