Pular para o conteúdo principal


TODOS OS ANIMAIS ESTÃO ÁVIDOS


Zangados pela fome da fala, em busca de raízes
próprias vivem as aves pernaltas e os pássaros
ladrões de comida vivendo no poleiro alheio
os bichos mais diversos, alaridos grassando
de forma impiedosa, crianças a cinco dinheiros,
mulheres a troco de ferramenta qualquer, assim
o barco: de cais em cais, de nuvem em nuvem
atraindo gafanhotos e outros sectários, zangados
porque vazios os trevos, alegria nenhuma no mundo
dos bichos ocos, clavícula quebrada, as pernas 
dilaceradas da honra, e eles são cada vez mais,
ja, herr kommandant, und es werden immer mehr,
all the animals were angry,*
a ira de deus sendo piada, tão mimosa, flor venenosa  
é a revolução dos bichos não acontecer, até hoje
a sexolatria não deu em nada, e não se espere daqui
mapa novo para a grande marcha, zangados estão
os chicotes, e assim só lhes resta lanharem-se
com as pimentas da ira e os ácidos do desdém.


Foto e texto: Darlan M Cunha
*: William Wondriska (USA). All the animals were angry.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

alto & baixo

Barreiro - BELO HORIZONTE, MG * Todos fogem, querem mudança em sua mesmice, novos degraus com textos e tetos, de um modo ou de outro, sentem que a vida é minuto, frutas murcham depressa, animais logo estão cada vez mais sisudos e mal-humorados, e assim chegam às monstrópoles, às suicidades. * Darlan M Cunha  

calmaria

  Uma calmaria aparente dentro da aldeia, sobre ela uma zanga de nuvens - mas não se deve levar nuvens a sério, por inconstantes - sina - e levianas feito dunas e seixos escorrendo e escorregando daqui pra lá, de lá para além-lá, feito gente nos seus melhores e piores dedos, entraves, momentos, encontros e despedidas. Um gotejo aqui e ali, mas outro tipo de gotejo num lugar da casa vai trazendo à cena o verso do português Eugênio de Andrade (Prêmio Camões 2001), decifrando a lágrima: " a breve arquitetura do choro ." Darlan M Cunha
  TREM DOIDO DE BOM     Lembrei-me, neste instante, de um termo jocoso, bem capiau, daqueles que deixam o cabra assim meio na dúvida, ou seja, se está sendo gozado, ou não, porque é mesmo engraçado, simplório. - "O senhor tem canivete aí, do tipo de folha larga, assim de um dedo de largura, bom pra picar fumo, e outras coisas ?" - "Bão, tê, tem, mais já acabô. Mais iêu vô di pudê incumendá pro Snhô Voismicê lá na capitá Béózônti, qui daqui trêis día, sem saculejo di atrazo, já tá aqui incima du barcão, prontim pra Vossa Sinhuria fazê uso do bichão, qui é mêrmo muito bão." - "Pois o senhor me faça o favor de pedir um para mim, de preferência com cabo de madrepérola, mas se não tiver, que seja de cabo de osso." - "Será feito, patrão. Agradicido."   _  Darlan M Cunha