cama de faquir
*
Homem
deitado à maneira faquir
já nem homem é, embora pareça
convidar
os transeuntes a vê-lo
de dentro da multidão rondando
feito
piorra a ossada estendida
na
cama de pregos, feito faca
só lâmina
expondo seu dilema,
pois o
mundo tem muitas faces
todas elas bem presas a limites
todas elas bem presas a limites
ou a antíteses cujos degraus
mensuram
o esforço e a apatia;
e assim
há dervixes e faquires
astronautas
e ladrões e emires,
porque
a cidade é larga e vive
de tributos por encomendar lutos,
pelo que enquanto
uma laranja
escorre dos dedos da manhã
a ossada, viva, continua em transe,
alheia ao humo a boca do escárnio,
alheia ao humo a boca do escárnio,
alheio
a fotos o rosto do espasmo,
ciente de que
haverá cama para todos
cedo ou tarde todos serão faquires
cedo ou tarde todos serão faquires
e o mago
parece sorrir para uma flor
amenizando-lhe
o rude travesseiro.
O visitante afasta-se, mensageiro.
Foto e poema: Darlan M Cunha
Comentários
Postar um comentário
Bem-vindo, Bem-vinda // Welcome // Bienvenido