Arthur Bispo do Rosário (1911-89) - 84,0 x 55,4cm
Rio abaixo o sorriso escorrega feito uma longa caudal
dentro de outra, cada vez mais avassaladora. Claro
que o rio não passará em branco pelas inúmeras aldeias
que ele visita, e que em seu bojo
leva sempre o que há
de bom e de ruim no mundo: o riso franco de
alguém,
mas as feridas antigas e novas não turvarão
a descida dele
até o mar, mesmo que outro redemoinho funesto se faça
nestas duas caudais viajando abraçadas: o
rio e o risco.
Poema: Darlan M Cunha
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