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Mostrando postagens de março, 2012
TODOS OS ANIMAIS ESTÃO ÁVIDOS Zangados pela fome da fala, em busca de raízes próprias vivem as aves pernaltas e os pássaros ladrões de comida vivendo no poleiro alheio os bichos mais diversos, alaridos grassando de forma impiedosa, crianças a cinco dinheiros, mulheres a troco de ferramenta qualquer, assim o barco: de cais em cais, de nuvem em nuvem atraindo gafanhotos e outros sectários, zangados porque vazios os trevos, alegria nenhuma no mundo dos bichos ocos, clavícula quebrada, as pernas  dilaceradas da honra, e eles são cada vez mais, ja, herr kommandant, und es werden immer mehr, all the animals were angry,* a ira de deus sendo piada, tão mimosa, flor venenosa   é a revolução dos bichos não acontecer, até hoje a sexolatria não deu em nada, e não se espere daqui mapa novo para a grande marcha, zangados estão os chicotes, e assim só lhes resta lanharem-se com as pimentas da ira e os ácidos do desdém. Foto e texto: D...
                                                  RELÓGIO QUE "ANDA" PARA TRÁS                                                   (Bar do Valtinho. Medina, MG, Brasil) Perguntas sem resposta estão nas ruas, nos cofres, nas gavetas recôndidas, onde até mesmo o tempo tem medo de ir, sim, perguntas há cheias de pó, de temores, seus donos e donas sabem que precisam protegerem-se dos biliosos, dos curiosos, porque há coisas que são só da gente, a ninguém mais pertence - esquecidos e esquecidas que ...
Trabalhar com pesquisa de vírus, ou em virologia, é mesmo algo muito, muitíssimo, muitissíssimo perigoso, e, naturalmente, só mesmo um seletíssimo grupo pode com isso. Eu trabalho nisso, num laboratório de muito difícil detecção (desistam os inimigos), estando mesmo pensando sériamente em experimentar alguns dos meus 'protegidos', cujo alcance e poder de destruição é espantoso, muito além da imaginação. Estou estudando este caso, esta possibilidade real, com mão no queixo. Texto: DMC
SHARON OLDS (USA, 1942) Teoria dos tremores Quando dois estratos terrestres se esfregam um no outro como uma mãe e uma filha chama-se uma falha. Há falhas que deslizam suaves uma pela outra uma polegada por ano, tão-só de raspão como um homem que passa a mão pelo queixo, esse homem entre nós, e há falhas que embicam numa curva durante vinte anos. A crista dilata-se como a testa sarcástica de um pai e tudo estaca no mesmo sítio, o homem entre nós. Quando isso acontecer, haverá graves danos nas zonas industriais e estâncias de veraneio quando os fundos estratos finalmente desencalharem da terrível pressão do contacto. A terra estala e os inocentes submergem gentilmente nela como nadadores. Sharon Olds “Satanás Diz” // "Satan says" Tradução de Margarida Vale de Gato Antígona, Lisboa 2004
JÁ É MARÇO 1. Em março não se prometa nada que fevereiro não foi capaz de fazer ou desfazer, mesmo enlaçados por tão breve espaço estes dois meses, mesmo com respingos do carnaval caindo na semana santa, melhor é evitar uní-los ou desuní-los por comparações, melhor é entrar em março com a mente nas águas típicas dele, com os estímulos que ele necessitará para chegar a bom termo, entregando a abril os instrumentos de sua leveza ou do seu peso, e não deixando pelo chão as peças que não couberam no seu jogo de encaixes de peças, seu labirinto, seu xadrez com um problemático ou irrealizado xeque mate, sim, vamos, que março chama, acendeu já o ar quente do seu balão, vamos porque o palco há de ser armado, espera. 2. Neste mês em que ventos sírios ofuscam o horizonte, e o núcleo de fukushima busca o meu púbis, avançando sobre outras apreensões, que fotos de homens e mulheres desaparecidos (herdados dos meses anteriores) estão no interior de ônibus e trens do cot...