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SALÃO DO LIVRO INFANTIL E JUVENIL - Belo Horizonte, MG, Brasil - set 2011


ASSUNTO


Entra-se num corredor, e noutros, todos iguais a eles mesmos, sempre diferentes cada vez que se tenha de passar por eles: ora, se vais ao banheiro, na volta, o tal corredor já não é o mesmo, que o silêncio grita querer mais gente com quem dialogar (?) naquele ambiente sem diálogo que acenda uma fogueira sequer; e as luzes frias da tecnologia não piscam para ti, as dores do mundo saindo de um túnel em busca de um sanduíche num bar, de uma sã madrugada, ó vias de difícil acesso que são estas veias, corredores, labirintos, curvas e curveretas que o diabo ele mesmo teme; ó lavoura cujas sementes apodrecidas sob falsos raios de luz estão à porta, já sabes há muito tempo sabes que o jeito é ir, sofrer ao lembrarmo-nos daqueles e daquelas que fizeram de nós parte do que fomos e somos e seremos; mas agora vergam-se para dentro de nós estes novos e já velhos brancos corredores cuja seiva é enfiada nos moradores como se fosse uma pasta al dente, e todos os moradores vão levando aos de branco, cada vez mais interrogantes, certeza de que algo bom ou mau surgirá de tanta espera de um extenso número de pessoas dando conta de quem seja o morador ou a moradora de cada espera - temporários que somos em todos os ambientes. Há livros cheios de silos, corredores, sombras, quedas d'água, fusões e fissões.


Texto e foto: Darlan M Cunha

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