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Mostrando postagens com o rótulo fogo
         Não disse nada durante o estupor geral diante das chamas, não arredou o pé do lugar de onde assistia o ocaso de uma era ruindo sem sal, açúcar, água e óleo, até porque nada mais era compartilhado naquela casa; não eram ingredientes comuns à mesa de quantos lá viveram o tempo necessário para se desconhecerem por completo, sim, em tudo isso e em algo mais aquela pessoa pensava, de pé dentro dela mesma, muda, enquanto o fogo se cumpria mais alto do que o estupor geral, ambos - fogo e criatura - alheios a algum escárnio grosseiro, aos ventos da pressa imobiliária, às cantilenas judiciais.                   Não disse nada enquanto o fogo torneava as pernas do espanto, e nem mesmo depois de silenciadas as últimas brasas, varridas as cinzas, e de delimitados o espaço pertencente à família, e o espaço do passeio público. Só ele sabia quantos foram mortos lá dentro.           Texto: Darlan M Cunha Imagem / Arte: fiammata di flamenco # fire
A LAVRA: FOGO refutando com palavras (por que não com atos violentos?), lavras de fogo e água de beber (envenenada), se causam espécie nos mais e nos menos favorecidos, melhor é tirar proveito do silêncio, arguindo no proscênio das ruas a omissão ferrenha das leis, a ablução diária numa pia com água suja - que o poema sujo da água é a sede Foto e poema: Darlan M Cunha