O BUDA SENTADO
O buda sentado não carecia
de jogos de azar, mas revirava a memória
rumo à rota da seda, bebendo
algo indecifrável, o iluminado olhava de soslaio
a quem ousasse o que não ousava:
cometer desatinos, matando mulheres
e filhas (mulheres valiam
pouco já àquela época), não, ele não saía de si
a não ser para comer maçãs e
praticar a lavoura arcaica de beber um copo
de cólera antes de
libidinagens com vacas e ovelhas, saltando cercas
esse pai de profetas e de
outros menos virulentos e menos votados,
sabendo que a sinistra e a destra
costumam estranhar-se, pelo que as imergia
no lodo, sempre atento ao silêncio
das possíveis presas, sim, era notório que
o buda sentado já não se
bastava a si mesmo, e as más e as boas línguas
atestando que a sua
fisionomia denotava anseios bem visíveis em cada folha
sobre a qual estendia a mão
com a qual proferia novas e antigas
admoestações ao vício,
esquecido do próprio vício de entornar sobre a plebe
seu ralo diário. Há de se convir que o mundo bem fez ao esfolar gautamas.
Texto: Darlan
M Cunha
Imagem: espada-samurai-imagem-9-PNG
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